No que acreditamos

A Espiral Escola Viva é feita por famílias, educadores, crianças e adolescentes em uma dinâmica de coautoria. Isso significa que as famílias não apenas matriculam as crianças na escola, mas participam efetivamente dela; os educadores não apenas trabalham na escola, mas pensam nela; e as crianças e os adolescentes não apenas frequentam a escola, mas tomam decisões a respeito de sua vida escolar, junto com os adultos.

Portanto famílias, educadores, crianças e adolescentes são a escola, considerando cada momento, espaço ou contexto como uma situação de aprendizagem. Nessa perspectiva, todos são, simultaneamente, sujeitos “aprendentes” e “ensinantes”.

Tendo como norte uma educação que busque, no sentido mais amplo possível, a realização plena do ser humano nas suas múltiplas condições –  como a cognitiva, social, emocional, artística, cultural, identitária, ambiental, espiritual -, a Espiral Escola Viva visa à educação para a liberdade de ser humano em toda sua potencialidade criativa.

Nesse contexto, são valores que fundamentam nossas práticas:

Autonomia:

Refere-se, por um lado, a um nível de desenvolvimento psicológico, implicando, dessa forma, uma dimensão individual, e, por outro lado, a uma dimensão social. Autonomia pressupõe uma relação com os outros. Não existe autonomia pura, como se fosse uma capacidade absoluta de um sujeito isolado. Nesse sentido, trata-se da perspectiva da construção de relações de autonomia. Por isso, só é possível realizá-la como processo coletivo que compreenda relações de poder não autoritárias. Esse processo não dispensa a participação da autoridade dos educadores na sua orientação; o que se coloca é a necessidade de essa autoridade ser construída mediante a assunção plena da responsabilidade de educar, de intervir com discernimento e justiça nas situações de conflito, de se pautar coerentemente pelos mesmos valores colocados como objetivo da educação e de reconhecer que a autoridade na escola se referenda numa sociedade que se quer democrática.

Respeito:

Significa preservar a individualidade do outro, considerando as suas necessidades físicas, emocionais, intelectuais e espirituais, e preservando seus valores, história pessoal e cultura, de maneira a prevalecer uma perspectiva inclusiva em todas as ações da escola. O respeito implica o reconhecimento dos papeis sociais nas diversas interações, o cumprimento de normas multilaterais – respeito mútuo –, a convivência dentro da diversidade e a reciprocidade no tratamento. Ele se efetiva na escuta e na observação das necessidades do outro e no diálogo para formular normas consensuais. Respeitar envolve não discriminar ou ofender alguém por causa da sua forma de viver ou de suas escolhas, nem se engajar em interações que diminuam, machuquem, desprezem ou ofendam o outro.

Sustentabilidade:

Significa orientar as decisões e ações no sentido de promover a valorização dos recursos humanos, ambientais e sociais, buscando um desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às das futuras gerações. Caracteriza o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro, sendo ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente diverso. Caracteriza toda ação destinada a manter as condições energéticas, informacionais e físico-químicas que sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana, visando à sua continuidade e ainda a atender às necessidades da geração presente e das futuras de tal forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade de regeneração, reprodução e coevolução. Sustentabilidade como valor é trabalhar as relações de forma que a coexistência com respeito e sabedoria torne a convivência e a escola sustentáveis.

Sabedoria:

Significa a não-discriminação, a abertura para a diversidade cultural, social e histórica, o tratamento equânime. Implica a reflexão livre de pré-julgamentos e juízos de valor, abandonando-se maniqueísmos e dualidades, considerando que todos têm os mesmos direitos, mas levando em conta suas particularidades, ritmos, momentos, necessidades, favorecendo que a escola se efetive como espaço de inclusão. É a qualidade que dá sensatez, prudência e moderação à pessoa, adquirida por meio do conhecimento, compreensão, experiência e ação. Relaciona-se à maturidade que o indivíduo adquire com a vida e se relaciona à capacidade de discernir a verdade e ao exercício do bom senso. Envolve as relações, orientações e aprendizados que desenvolvam na criança a consciência de si e do próximo, orientando as ações e comportamentos para o bem do coletivo, e não para apenas favorecer um ou alguns.

Solidariedade:

Sentimento ou atitude que se origina da compreensão das necessidades do outro e se realiza no sentido de supri-las. Compreende a ideia de que o bem comum tem importância maior que os benefícios pessoais e a utilização desse critério na tomada de decisões e na prática diária. Demanda a capacidade de ser receptivo ao sofrimento do outro e de mobilizar-se para mitigá-lo, envolvendo responsabilidade recíproca. Quando existem a interdependência e o reconhecimento de que todos são importantes, a solidariedade se manifesta no cuidar mútuo entre todos os membros da comunidade.

Gestão

Todos – educadores, famílias, crianças e adolescentes – são responsáveis pela realização do projeto pedagógico da escola e participam da gestão pedagógica e administrativa com esse objetivo, que é realizada de maneira horizontal e compartilhada pelas famílias, educadores, crianças e adolescentes, a partir de decisões tomadas por consenso.